Soldado da FEB foi para a guerra com apenas 15 anos de idade
Casos de soldados que mesmo com pouca idade estiveram II Guerra Mundial são comuns na história do conflito. Fosse por vontade própria ou obrigados, adolescentes e até crianças também pegaram em armas nos campos de batalha.
Pelo lado brasileiro, pelo menos um caso é oficialmente reconhecido. Trata-se de Flávio Gomes Câmara, de 15 anos, que foi enviado para servir na Força Expedicionária Brasileira – FEB. Ele estava lotado no Quartel General do comando dos Pracinhas.
O adolescente era descendente do 1° Visconde de Pelotas (Patrício José Correia da Câmara ), bisneto do 2° Visconde de Pelotas (José Antônio Correia da Câmara), além de neto do general Alfredo Pinheiro Correia da Câmara e filho de José Inocêncio Gomes Câmara.
Para quem não está ligando o nome à pessoa, o 2° Visconde de Pelotas era quem comandava as tropas que cercaram e mataram o ditador paraguaio, Francisco Solano Lopes, em Cerro Corá, na Guerra do Paraguai, em 1870.
Na FEB
Na ocasião do ingresso de Flávio na FEB, ele havia comparecido com o pai à sede do comando da 1ª Região Militar, no Rio de Janeiro, para uma homenagem ao bisavô famoso. Ali estava o então Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, com quem ele foi falar e pediu para seguir rumo às batalhas. O ministro aceitou o pedido e o encaminhou para o general Mascarenhas de Moraes, comandante da FEB, que o autorizou a estar com ele no quartel general. Foi em 26/02/1944 e foi notícia nos jornais da época.
Flávio foi para a guerra e voltou com a tropa em junho de 1945, tendo terminado os estudos em 1946, na Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre/RS. Porém, aos 19 anos, a guerra havia deixado o jovem com problemas de saúde. Em 1949, a comissão de Finanças e Orçamento do Governo Federal aprovava a “concessão de uma pensão ao Terceiro Sargento da FEB, Flávio Gomes da Câmara, vítima de insidiosa[1] moléstia a fim de que possa tratar-se”.
As coisas não melhoraram e em dezembro de 1950, foi aprovado em forma de lei, um auxílio melhor, por estar o jovem “incapacitado definitivamente para o serviço militar”, em que ele passou a receber Cr$ 1.100.00 “sem prejuízo do provento da inatividade que recebe”.
Conforme documentos públicos do Arquivo Nacional e da Biblioteca Nacional, em 1961, Flávio estava recebendo como 1° tenente e em 1962, estava financiando um carro, dentro de um programa do governo. Em 1969, recebeu carta patente para assegurar direitos previstos em lei.
Em 2014, um senhor de nome Flávio Gomes da Câmara buscava junto ao Ministério da Defesa, revisão da própria pensão, porém, não dá para dizer se era a mesma pessoa ou não.
Se o leitor tiver mais alguma informação sobre o pós-guerra de Flávio, nos conte!
Helton Costa, para o Jornalismo de Guerra.
[1] Traiçoeira.
Se juntarmos o motivo pelo qual o Brasil juntou-se às forças aliadas na II Guerra Mundial e a autorização dada para que esse menino fosse incorporado à FEB, o quadro que se forma é no mínimo surreal e irresponsável. Será que tínhamos tão poucos soldados, a ponto de enviar uma criança? Em que pese o seu parentesco direto com um herói da Guerra do Paraguai, as únicas palavras que me vem à mente são leviandade e irresponsabilidade de quem cedeu aos apelos da criança. Em resumo, nada justifica o fato, agravado ainda pela posterior subida do então General Eurico Gaspar Dutra à presidência do Brasil. Seria cômico, se não fosse trágico, enfim.
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O que se passa na cabeça de nossos mandatários?
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Meu nome Helena Maria Isaacson Camara. Fui casada por 49 anos com Flávio Gomes da Câmara ,o pracinha mais moço da FEB. Lendo o que foi escrito sobre meu marido gostaria de conversar pois existem dados bem diferentes da realidade. No texto fala de um cidadão que em 2014 se apresentou como sendo o pracinha. Flavio faleceu no dia 1/2/2006. Tudo poderá ser confirmado com documentos, elogios, medalha de campanha.
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