Relatos Secretos: Cenário de “balbúrdia” para montar os regimentos
O General João Batista Mascarenhas de Moraes, Comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), deixou escrito três volumes de relatórios secretos sobre a participação brasileira na 2ª Guerra Mundial. Cada volume contém mais de 150 páginas e se tornaram públicos apenas em 2018.
Os primeiros capítulos versam sobre os complexos problemas de organização da unidade da FEB e forma adotada para leva-la até ao Teatro de Operações na Europa. O segundo volume aborda as operações militares em si, o método empregado, os feitos e os erros cometidos durante o conflito. No último volume trata sobre o regresso à pátria e à extinção da FEB, que contava com mais de 25 mil brasileiros.
Nesse relatório, Moraes confidencia a dificuldade de formar o batalhão que iria atravessar o Atlântico para combater as forças nazifascistas. A partida do primeiro navio de brasileiros para a Itália se deu apenas em 2 de julho de 1944. Nessa época, o Brasil possuía 1.587 municípios.
Mascarenhas de Moraes escreve que quando o general Euclides Zenóbio da Costa foi vistoriar e inspecionar em dezembro de 1943 os trabalhos de organização dos Regimentos de Infantaria de Caçapava e de São João Del Rey e também do regimento de Duque de Caxias, a decepção tomou conta. Nas palavras do general, o cenário era de “balbúrdia”.
Faltando poucos meses para o embarque à guerra ainda não havia consenso sobre o tipo físico ideal que poderia ser aceito pelas tropas. Não havia “chegado a uma solução definitiva sobre o verdadeiro critério a dotar (sic) no exame de seleção física”, escreveu o general Mascarenhas. Isso dava margem para que as tropas continuassem sem o efetivo que tinha sido fixado pelo Exército e, consequentemente, “sem poderem concretizar a organização das unidades elementares”.
“Não é necessário encarecer o prejuízo que isto acarretava em relação à principal preocupação do Comando – a instrução da tropa”, ressaltou Mascarenhas em seu relatório.
Além disso, não existia, conforme consta no documento redigido pelo general, material e armamento “com que deveria se instruir”.
No final do ano de 1943, segundo o general, a situação das tropas de infantaria era preocupante: “Todos os regimentos apresentavam grande déficit de efetivos, principalmente por desconhecer ainda o resultado do exame de seleção física de seus homens”.
A morosidade das juntas de inspeção somava-se ao processo burocrático da Diretoria de Saúde do Exército, “que teve de instalar e fazer funcionar serviços inteiramente novos com pessoal insuficiente”.
Dificuldades de encontrar
Mascarenhas de Moraes detalha que para formar os efetivos dos Regimentos outro grande obstáculo era encontrar grande massa de especialistas em profissões fundamentais para uma guerra naquela época, como eletricista, motorista, mecânico, mecânico de rádio, telegrafista, etc.
Além disso, até a parte de instrução é criticada pelo general: “os quadros elementares, principalmente sargentos, eram deficientes no preparo e insuficientes no número”.
Mesmo assim, as tropas começaram a partir em julho de 1944 e depois de 14 dias chegaram à Itália. A história narrada por meio dos relatos de Mascarenhas continuará nas próximas semanas.
Boa tarde. Como faço para ler esses escritos? Gosto muito de ler sobre a FEB. Aguardo retorno. ATT Adauto
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Olá, Adauto. A gente conseguiu via Lei de Acesso à Informação!
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boa tarde, procuro informações sobre meu avô, Francisco Flávio Rodrigues, o pouco que sei é que ele foi motorista da FEB, tendo em vista que o mesmo possuía carteira de motorista na época, o mesmo faleceu em 1976, ele pertencia à Legião Paranaense do Expedicionário.
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Boa noite Luis Gustavo, tudo bem ? Minha Bisavó era irmã do seu avõ, procuro alguma informações.
Contato: luizfernandocm3@gmail.com
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