II Guerra: indígenas brasileiros pegaram em armas contra nazistas

imagem terenas feb

Imagens do soldados terenas no preparo para o front. Crédito: henriquemppfeb.blogspot

Indígenas[1] também lutaram no teatro de operações na 2ª Guerra Mundial. Vários indígenas de diversas etnias foram chamados para o serviço militar, entre elas os Terenas, da região de Aquidauana (Mato Grosso do Sul, cidade de entrada do Pantanal) que foram convocados para incorporar o 9º Batalhão de Engenharia da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e ajudar no combate das forças nazifascistas na Europa.

 

Segundo pesquisa realizada pela pesquisadora Diunes de Araújo Cezar, o perfil dos índios recrutados não diferia muito dos demais que foram para a guerra: jovens, sem experiência, sem treinamento e maturidade e pouca escolaridade e vivência militar. “No caso específico dos indígenas da região de Aquidauana, acrescenta-se mais, além desses fatores, tudo era novo. Mesmo um navio e o mar já eram algo fora de sua realidade, sem citar a neve, visto que o clima da região de Aquidauana é de temperatura bem elevada”, escreve a pesquisadora.

O número exato de índios convocados é incerto, mas a historiografia estima perto de 15 indígenas, como foi apontado pela Revista Verde-Oliva, publicada em 2015. “Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1943, vários índios Terena foram convocados para incorporar no 9º BECmB. Após exames médicos, foram convocados: Aurélio Jorge, Dionísio Lulu, Leão Vicente, Irineu Mamede, Honorato Rondon, Antônio Avelino da Silva, Pedro Belizário Pereira e Natalino Cardoso; todos da Aldeia Bananal; Venceslau Ribeiro, de Nioaque; Olímpio de Miranda; Rafael Dias, da Aldeia Limão Verde; Otavio, índio Kadiwéu; e Antônio da Silva, Dionísio Dulce Leão Vicente, da Aldeia Água Branca. Outros dois índios Kinikinao, da Aldeia de Lalima, foram mortos e não identificados até então. Algumas dessas informações sobre etnias ainda estão em checagem no Arquivo Histórico do Exército”.

Segundo Cezar, a literatura disponível não esclarece se os índios foram convocados, recrutados ou se foi alistamento voluntário. No entanto, o autor afirma, com base em suas pesquisas, que ultrapassou “o sentido de apenas convocação, chega a ser um recrutamento coercitivo”.

Os índios convocados passaram um ano em treinamento em Aquidauana e depois foram transferidos para a cidade de Entre Rios (RJ), onde ficaram quatro meses, realizando treinamentos de marchas, tiro, travessia de curso d’água, desmontagem e montagem de armas, construção de pontes e desativação de minas.

RITUAL

Antes de partirem para a guerra, os Terenas fizeram o ritual da “pajelança”, ou seja, invocaram “o xamã”, o protetor, o guia que faz previsão sobre onde está o inimigo e protege seus invocadores. Soube-se, mais tarde, que dois índios Kinikinao[2] haviam morrido na guerra.

“O resgate histórico desses indígenas febianos com suas etnias e o enaltecimento de seus atos constituem uma obrigação histórica da sociedade brasileira para com eles e sua memória junto aos seus povos. Um sentimento de necessidade de isonomia, de ressarcimento, bem como a tentativa de mitigar essa memória, também tem um caráter que passa pela plenitude do nome familiar indígena”, reforça Cezar.

[1] Identificados como tal, pois se levássemos em conta o número de descendentes de indígenas, o número seria bem maior, porém, não há estatísticas para diferenciação, a não ser a autoafirmação.

[2] Não há relatos entre os mortos do Mato Grosso do Sul sobre indígenas mortos. Talvez tenham sido feridos, mas não mortos.

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