Mato Grosso do Sul perdeu 10 soldados durante a II Guerra Mundial
Eles eram jovens, tinham em média 25 anos e na maioria dos casos não conheciam mais que a sede dos municípios onde moravam. Ainda assim foram voluntários ou convocados como “Classe 43/44” para o Exército. A missão: lutar contra alemães e italianos do outro lado do Oceano Atlântico em terras estrangeiras.
Esse foi o cotidiano dos soldados sul-matogrossenses que fizeram parte de 1944 à 1945 da Força Expedicionária Brasileira – FEB, unidade de mais de 25 mil homens que participou pelo Brasil da II Guerra Mundial. Do Estado estima-se em aproximadamente 200 os infantes que embarcaram para a Itália, onde além de experientes soldados de Hitler e Mussolini, viveram momentos de solidão, medo e angústia em temperaturas que facilmente ultrapassavam zero graus.
A Engenharia de Combate do Brasil também era sul-matogrossense e recebendo indivíduos de todas as partes do Brasil chegou a abrigar quase 800 soldados. Porém, de todos esses jovens, 10 não retornaram ao Brasil, foram mortos em combate.
Foi o caso de Sebastião Ribeiro, de Ponta Porã, do 6° Regimento de Infantaria de Caçapava/SP, que encontrou a morte em Molazzano em 31 de outubro de 1944, o primeiro sul-matogrossense morto pelos alemães.
No mês de novembro daquele mesmo ano, morreram Alcebiades Bobadilha da Cunha, do 6º Regimento, natural de Porto Murtinho, morto por tropas alemãs no dia 07 na localidade de Marano; Simeão Fernandes, de Porto Murtinho, também soldado do 6° Regimento no dia 14 foi morto na localidade de Catorossa e Waldemar Marcelino dos Santos, do 9° Batalhão de Engenharia, natural de Corumbá, no dia 21 no Posto de Comando da FEB Porreta Terme.
No dia seguinte, 22 de novembro, tombava Gregorio Vilalva lutando em Palazzo pelo Primeiro Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro. Ele era natural de Aquidauana. O soldado Hugo Gonçalves de Rio Brilhante morreu lutando pelo 11° Regimento de Infantaria de Minas Gerais, na localidade de “Casa Marcondes” em 20 de dezembro de 1944.
João Maria Silveira Marques também era do 6º Regimento de Infantaria. E faleceu em ação no dia 26 de novembro de 1944, em Porreta. Ele era de Caiuás, antigo distrito de Rio Brilhante.
Mato Grosso do Sul, que na época ainda era território de Mato Grosso, perderia mais três soldados por conta dos ataques alemães. Bernardino da Silva, de Campo Grande, era do 1º Esquadrão de Reconhecimento da FEB, tropa motorizada que era a primeira a entrar em regiões de conflito e morreu em Granali no dia 22 de abril de 1945.
Pior sorte teve o pontaporanense Thomaz Antonio Machado, que hoje dá nome à uma rua da cidade de fronteira. Ele foi morto exatamente no dia em que as tropas alemãs que combatiam na Itália assinaram a rendição aos brasileiros, em 29 de abril de 1945. Thomaz morreu em Moviano.
O último a ser vítima da guerra foi Teodoro Sativa de Bela Vista, morto quando os últimos redutos nazistas eram derrubados, mesmo após a rendição. Ele morreu em 02 de maio de 1945, cinco dias antes do fim da guerra na Europa, na localidade de Zocca.
Depois de mortos, as famílias dos sul-matogrossenses receberam medalhas de Campanha, Sangue do Brasil e Cruz de Combate, nada comparado a vida que entregaram ao sair do interior do Brasil para lutar em outro continente. Os corpos dos soldados repousam no Monumento aos Pracinhas, no Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro.
Dourados na Guerra
São nomes de ex-combatentes que moraram e moram em Dourados e região:
Adolfo Martins Leite,Agenor Amaral, Alcides Martins Rosa, André Dutra Marques, Angélico de Castro, Antônio Alves da Costa, Antônio de Souza Chaves, Antônio Galdino, Antônio Scardine, Antônio Simão de Souza, Baltazar Saldanha, Cabo Ataíde da Conceição Machado, Cândido Fructuoso de Mattos, Coronel José Alves Marcondes, Dorival Bandineli, Elpidio Dias Norberto, Floriano Bonadimann, George Marks, Gumercindo Fernandes da Silva, Januário Antunes Maciel, João Bispo, João Manoel Colmán, Jorge Marques, José Genuíno dos Santos, Juvêncio Flores, Manoel Lins de Oliveira, Melanias Bronel, Napoleão Francisco de Souza, Odorico Machado, Oscar Barroso, Pompilho Castro, Ramão Faques, Ramão Ribeiro, Saturnino Rodrigues Lopes, Tomaz Bairros, Valdomiro Azambuja, Vicente Chimirri e Waldomiro Otanho. Todos voltaram vivos para suas casas.
Durante sua ação, a FEB fez 20.573 prisioneiros, teve 457 mortos (13 oficiais e 444 praças), sofreu 35 prisioneiros, 1.577 feridos em combate, 487 acidentados em ação de combate e 658 acidentados fora das linhas de combate.