Cadê as armas? FEB partiu para a guerra sem conhecer o armamento usado no front

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Pracinhas utilizando as armas durante a Guerra.

As tropas brasileiras que partiram para a 2ª Guerra Mundial tiveram um imprevisto que poderia ser mortal no front. Todo o treinamento da Força Expedicionária Brasileira (FEB) realizado no Brasil contou praticamente só com armas nacionais. O armamento norte-americano, que foi utilizado na batalha, não chegava ao território brasileiro. No fim, a maioria dos pracinhas só foi conhecer e aprender a manejar as armas apenas quando já estavam prestes a entrar no teatro da guerra.

Os norte-americanos, que iam ceder equipamentos para a preparação das tropas, alegavam não dispor de armamentos suficientes para o Brasil. Mesmo quando o envio das armas começou, os novos equipamentos dos americanos nunca chegavam em quantidade suficiente. “A maior parte dos soldados só teve contato com essas e outras modalidades de armamentos ao chegar à Itália”, escreve João Barone, autor do livro 1942 – O Brasil e sua guerra quase desconhecida. A historiadora Carmen Rigoni corrobora com essa informação e também ressalta que “as armas em sua maioria eram desconhecidas e só foram entregues na Itália”.

O historiador Dennison de Oliveira, pesquisador e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no livro Aliança Brasil-EUA ressalta que os americanos embaçaram o envio dos prometidos 50% do acervo de uma divisão de infantaria para a FEB treinar a fim de forçar o ministro de Guerra, Eurico Gaspar Dutra, a usar os enormes estoques de Mauser, Madsen e munição 7mm que tinham no Brasil.

“Com base na análise das fontes, sabemos que os EUA se recusaram a enviar os prometidos 50% do equipamento e armamento de uma única divisão de infantaria para treinar a FEB. Além de redução na quantidade de itens, ocorreu também a recusa em entregar determinados tipos de armas. O impacto dessas ações sobre o processo de treinamento da FEB foi enormemente negativo”, escreve Oliveira.

Dentre os prometidos itens faltantes para treinamento da FEB, segundo o pesquisador, se incluem todos fuzis, fossem de repetição por ação manual de ferrolho, fossem a gás semiautomáticos. “Nenhum fuzil foi enviado pelos EUA para treinar a FEB, deliberadamente para forçar Dutra a usar seus preciosos (e consideráveis) estoques de armas e munições”, afirma o autor.

O medo dos norte-americanos era que o Brasil criasse uma grande reserva de recursos militares para o futuro, alterando a posição relativa do país no continente no imediato pós-guerra. “Fazia sentido, então, obrigar a gastar esses estoques negando o armamento correspondente para a FEB treinar, ao mesmo tempo em que se insistia em que fossem sanadas as lacunas no material de treinamento enviado dos EUA com o recurso às armas e munições já existentes nos próprios arsenais brasileiros”, explica Oliveira.

Porém, a tática dos gestores estadunidenses falhou.  Dutra se mostrou totalmente insensível com relação ao destino dos homens que estava enviando para a guerra e não liberou armas ou munições dos próprios estoques para ajudar a treinar a FEB. “Como resultado, os militares brasileiros seguiram para o front praticamente sem ter praticado tiro de fuzil, a principal arma da infantaria, fosse de origem estadunidense, fosse brasileira. Assim, o que se pode concluir é que, no cabo de guerra entre Dutra e os estadunidenses a corda, como sempre, arrebentou do lado mais fraco: do povo recrutado para ir à guerra”, ressalta o pesquisador.

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