Pelo menos quatro em cada 100 soldados da FEB tinha ascendência ITALIANa
Pelo menos 4,7% dos soldados brasileiros que lutaram pela Força Expedicionária Brasileira – FEB, eram de ascendência italiana. É o que defende um estudo da Região da Toscana e da “Consulta dei Toscani nel Mondo”, coordenado pelo Instituto Histórico da Resistência da Toscana.
Para chegar ao resultado, os italianos pesquisaram sobrenomes de soldados Aliados nos Estados Unidos, na Austrália, na Nova Zelândia , no Canadá e no Brasil. Com o cruzamento de dados, foram apontados 1.206 Pracinhas que “provavelmente” ascendiam/descendiam de italianos (tinham o sobrenome do país europeu) e outros cinco que eram descendentes com certeza.
De acordo com o estudo, os brasileiros só ficariam atrás dos americanos e dos australianos em número total de ascendebtes/descendentes enviados. Isso porque, 1.573 soldados ítalo-americanos morreram em combate e pelo menos outros 384 caíram prisioneiros do Eixo. Entre os australianos, 1.431 sobrenomes italianos constavam na lista de sobreviventes ao conflito e outros 210 morreram nas batalhas. No entanto, conforme as explicações da metodologia de pesquisa, no caso dos americanos, a amostragem foi retirada somente das listas de mortos e prisioneiros. Por isso o número de descendentes tende a ser maior.
Porém, os americanos e australianos enviaram bem mais soldados para a guerra. Foram pelo menos 16 milhões de americanos, dos quais, 405 mil morreram e 671 mil foram feridos. Entre os australianos, quase um milhão deles foi para a guerra e 27.073 morreram, com mais 23.477 feridos. Com isso, proporcionalmente, os brasileiros seriam os que mais enviaram cidadãos de ascendência italiana para os campos de batalha, entre os Aliados.
Ítalo-brasileiros na frente

Só com esses números do levantamento, é possível dizer que, em porcentagem, os descendentes italianos constituíam 0,01% do Exército americano e 0,1% do exército australiano. Já entre os brasileiros, passariam de 4,7% e todos combatendo justamente no país dos antepassados: a Itália. Enquanto isso, nos outros países, os combatentes com sobrenome italiano estariam nos vários fronts da II Guerra. No entanto, como dito anteriormente, no caso americano os números podem estar abaixo da quantidade real.
No total, o portal apontou, com dados brasileiros, americanos, neozelandeses, australianos e canadenses, “5.136 soldados de origem italiana (certos ou presumidos) alistados nos exércitos aliados durante a Segunda Guerra Mundial”. Os dados estão disponíveis para consulta em: http://www.toscananovecento.it/eGallery/combattenti/ricerca
Italianos foram a segunda maior colônia
No livro “Os soldados alemães de Vargas”, o historiador Dennison de Oliveira mostra que no processo de imigração para o Brasil, os italianos compunham a segunda maior população, com 1.576.220 indivíduos (30% do total de estrangeiros recebidos no país). Perdiam para os portugueses (1.604.080 pessoas). Depois dos dois grupos, vinham os espanhóis (711.117 pessoas) e os alemães (208.142 pessoas). Outros povos juntos somavam 247.312 colonos.
Pequenas ilhas brasileiras
Outras descendências também chamam a atenção no Brasil, dentro da composição da FEB. Na época da guerra, fazia poucos mais de 50 anos que comunidades eslavas tinham se fixado no país, principalmente na região sul e especificamente no centro do Paraná. Poloneses, ucranianos e russos, foram os três maiores grupos de imigrantes e seus filhos e netos foram combater como cidadãos brasileiros. Quando as famílias vieram para o Brasil, eles faziam parte do império austro-húngaro e fugiam de guerras nas fronteiras, principalmente da Galícia, que compreendia parte das atuais Polônia e Ucrânia.

Apenas como exemplo, Prudentópolis, no interior do Paraná, na época da guerra tinha uma população aproximada de 23 mil pessoas e mandou 60 soldados para a FEB. Destes, 26 eram de origem eslava, filhos e netos de ucranianos. Pietroska, Burei, Chociai, Kaczaroski, Maistrovicz, Beló (do original Bilyy), Krenda, Krycyk, Iactukm, Zdebski, Boiko, Sukomonoski, Moroczko, Hamulak, Berenda, Michalichen, Chomexem, Futra, Horewicz, Hladik, Michalingen, Zavrabeline, Demzuk e Krominski, são alguns dos sobrenomes eslavos. Ainda hoje, pelo menos 70% dos quase 52 mil habitantes de Prudentópolis descendem de ucranianos.
Se a lista for expandida para outras cidades do Paraná, vizinhas de Prudentópolis, é possível encontrar bem mais soldados eslavo-brasileiros: Vanrek (Rebouças), Piurcoski, Voltiki, Stalzak, Kresinski (Ponta Grossa), Schurka, Hneda e Briek (Ivaí), Mialeski, Temiacki (Palmeira), Venske e Tabok (Imbituva), Luchinski, Maravieski e Golombieski (Rio Azul), Waieski, Kozinski, Lusko, Rudinicak, Protzek, Luginheske, Hornaki, Stecki, Rosdaíbida, Baniski, Horban, Klukoski e Zavaski (Irati), Schastai, Stival e Malchlak (Ipiranga), Scraba, Kolachinski, Kinage, Ladaniski, Halaiko, Kochinski, Belinoski, Kravetz (Lapa), Pianwski, Dewniski, Wiodkoviski, Hupalo, Levandoski, Haneiko, Katechak, Arcenko, Mosko, Siuta, Kuzma, Burlinski, Lachoski, Biliki, Bartochek, Olink, Wasselkos, Kroyn, Jatiseraski, Rusineck, Sokolowski, Toflisnki, Kinal, Kamita, Rotelvk, Haracema, Burek, Gasvonski, Zalutzki, Lozinski, Pacheczuk, Maetechko, Dulek (Mallet), entre outros.
A FEB foi um recorte populacional dos brasileiros daquele tempo, agregando gente de todas as partes do país e de várias descendências. Leia também: OS SOLDADOS UCRANIANOS DE HITLER, STÁLIN E VARGAS.