CONHEÇA A HISTÓRIA DA ALTA CÚPULA BRASILEIRA ENVOLVIDA NA 2ª GUERRA – PARTE 01

Ministro de Guerra Eurico Gaspar Dutra. Crédito Wikimedia Commons
EURICO GASPAR DUTRA
Militar, ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, em 1904. Nesse ano, participou, junto com companheiros de corporação, da Revolta da Vacina, deflagrada na capital federal contra o governo do presidente Rodrigues Alves. Por causa disso, foi expulso da Escola Militar, só retomando seus estudos no ano seguinte, quando foi anistiado. Durante a década de 20, por várias vezes esteve envolvido na repressão aos levantes tenentistas então deflagrados contra o governo federal, como em 1922, no Rio de Janeiro, e em 1924, em São Paulo. Convidado a participar da Revolução de 1930, preferiu manter-se ao lado das forças legalistas.
Aproximou-se do governo Vargas a partir de 1932, quando teve importante participação no combate ao movimento constitucionalista desencadeado contra o governo federal, em São Paulo. Em dezembro de 1936, foi nomeado ministro da Guerra. Nesse posto, cumpriu papel decisivo, junto com Vargas e com o general Góis Monteiro, no fechamento do regime, que levou à instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937. Também durante sua gestão teve lugar o processo de envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
A princípio, Dutra defendeu a aproximação do Brasil às potências do Eixo, enquanto uma outra facção, capitaneada pelo ministro da Fazenda Osvaldo Aranha, defendia a aproximação com os Aliados, mais especificamente com os Estados Unidos. Seu nome foi lançado por setores governistas, articulados no Partido Social Democrático (PSD), para concorrer à presidência da República, no pleito previsto para dezembro daquele ano. Dutra foi eleito presidente do Brasil e empossa em janeiro de 1946. Morreu no Rio de Janeiro, em 1974.

Góes Monteiro. Crédito FGV
Pedro Aurélio de Góes Monteiro
Militar, cursou a Escola de Guerra de Porto Alegre, após realizar estudos preparatórios no Rio de Janeiro. Em julho de 1922, cursava a Escola de Estado-Maior do Exército, no Rio de Janeiro, quando eclodiu na cidade o levante tenentista do Forte de Copacabana, ocasião em que se colocou ao lado da legalidade. No ano seguinte, assessorou o governo gaúcho no combate aos rebeldes federalistas que haviam se insurgido no estado. Participou também da repressão ao levante tenentista deflagrado em 1924, em São Paulo, e à Coluna Prestes, sob a liderança de Luís Carlos Prestes.
Em 1930, assumiu o comando militar do movimento revolucionário articulado para depor o presidente Washington Luís. Passou, então, a desfrutar de grande prestígio junto ao novo governo de Getúlio Vargas, integrando o chamado Gabinete Negro, pequeno grupo que se reunia quase diariamente com o presidente Vargas, influenciando nos passos iniciais do novo regime. Foi nomeado ministro da Guerra por Vargas, em 1934. Em maio de 1935, deixou o ministério, mas continuou exercendo grande influência no governo. Dele partiu a proposta de fechamento da Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente política que reunia diversos setores de esquerda no combate ao fascismo e ao imperialismo. Em 1939, foi enviado aos EUA em missão militar, que objetivava promover uma maior integração entre os dois países no momento em que se iniciava a Segunda Guerra Mundial. Essa aproximação, realizada de maneira lenta mas sistemática, resultou na declaração de guerra do Brasil às potências do Eixo, em 1942, e no envio de tropas brasileiras à Itália, em julho de 1944.

Mascarenhas de Moraes em Montese. Crédito Wikimedia Commons
JOÃO BATISTA MASCARENHAS DE MORAES
Entre 1899 e 1902, Mascarenhas de Morais cursou a Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo (RS), transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, onde ingressou na Escola Militar do Brasil. Em 1918, depois de servir em algumas unidades de artilharia, Mascarenhas de Morais recebeu a patente de capitão e, no ano seguinte, atuou como adjunto da chefia do Estado-Maior do Exército (EME) e fiscal de ensino da Escola de Tática e Tiro da Guarda Nacional. A unidade em que Mascarenhas de Morais servia se manteve ao lado da legalidade no movimento tenentista e combateu os rebeldes da Escola Militar.
Em 1928, promovido a tenente-coronel, assumiu o comando do 9º RAM, sediado em Curitiba, e no ano seguinte presidiu a comissão de estudos do regulamento do serviço de campanha para a artilharia. Com a eclosão da Revolução Constitucionalista de São Paulo em 9 de julho de 1932, Mascarenhas de Morais foi afastado de suas funções e mantido em prisão domiciliar até a vitória das forças fiéis ao governo de Vargas, ocorrida em outubro. Foi nomeado chefe de gabinete do Departamento de Pessoal do Ministério da Guerra, onde ficou até fevereiro de 1934, quando assumiu a direção da Escola das Armas. Lutou contra a Intentona Comunista em 1935.
Em janeiro de 1942, as relações diplomáticas com os países do Eixo foram rompidas. Em maio, Mascarenhas de Morais foi promovido a general-de-divisão. Entre janeiro e agosto do ano seguinte comandou a 2ª RM, sediada em São Paulo.Em janeiro de 1944, Mascarenhas de Morais assumiu efetivamente o comando da Força Expedicionária Brasileira (FEB). João Batista Mascarenhas de Morais faleceu no Rio de Janeiro em 17 de setembro de 1968.

Falconiere da Cunha. Crédito Carlos Daróz
OLYMPIO FALCONIERE DA CUNHA
Olímpio Falconière da Cunha nasceu em Itajaí (SC), em 1891. Ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, em 1912. Em 1915, quando ainda era aspirante, participou da repressão à revolta camponesa da região do Contestado, no sul do país. Em julho de 1922, já como primeiro tenente, tomou parte, no Rio de Janeiro, do levante deflagrado por jovens oficiais do Exército contra o governo federal, que deu início ao ciclo de revoltas tenentistas que marcariam a política brasileira na década de 1920. Por sua participação no movimento, ficou preso durante três meses. Em 1924, voltou a participar de um levante tenentista, dessa vez na capital paulista. Com a derrota dos revoltosos, foi excluído do Exército e exilou-se por dois anos no Paraguai.
Em 1930 participou, em Belo Horizonte, do movimento revolucionário que levou Getúlio Vargas ao poder sendo, em seguida, reintegrado à vida militar. Em 1933, nomeado pelo interventor Valdomiro Lima, assumiu a direção da chefatura de polícia do estado de São Paulo, permanecendo no cargo até a posse do novo interventor, em agosto daquele ano.
Em 1943 chegou ao generalato. No ano seguinte foi incorporado à Força Expedicionária Brasileira (FEB), constituída com a finalidade de lutar ao lado dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Em setembro de 1944 seguiu para a Itália, comandando o 3º Escalão da FEB. No mês seguinte foi nomeado Inspetor Geral das forças brasileiras, um destacado cargo administrativo.

Emmanuel Marques Porto. Crédito: Reprodução
EMMANUEL MARQUES PORTO
Nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de abril de 1894. Com a patente de coronel chefiou na Itália o Serviço Médico de Saúde da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Recebeu todas as condecorações pela participação na Segunda Guerra Mundial, inclusive a Legião do Mérito dos Estados Unidos, de onde também ganhou o título de Doutor Honoris Causa, outorgado pela American International Academy – AIA. Foi membro de todas as entidades médicas do Brasil e presidiu a Academia Brasileira de Medicina Militar. Clínico e cirurgião, escreveu vários trabalhos científicos na área médica.
Reformado no posto de marechal médico, Emmanuel Marques Porto dedicou-se à Academia Brasileira de Medicina Militar, da qual era um dos fundadores. Faleceu no Rio de Janeiro, a 6 de fevereiro de 1969, aos 74 anos. Casado com Iandir Rodrigues Marques Porto, teve duas filhas: Mila Marques Porto e Hermínia Marques Porto.
Fontes: FGV e Ubaldo Marques Porto Filho