4,7 mil medalhas não foram entregues aos combatentes da FEB

 

Medalhas FEB

Medalhas da FEB. Crédito: Edumilitaria

 

Um total de 4,7 mil medalhas que nunca foram entregues aos combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB). O dado consta na dissertação produzida pelo Major Wellington Corlet dos Santos que recebeu o título “A desmobilização da Força Expedicionária Brasileira e as suas consequências político-sociais no Brasil entre 1945 e 1965”.

O autor constatou em sua pesquisa que houve atraso e ineficiência na concessão das medalhas, ocorridos durante a após a 2ª Guerra Mundial. De acordo com o estudo, as medalhas hoje são parte de um acervo histórico existente na Direção Central da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira, no Rio de Janeiro e constituem, nas palavras do major, “um patrimônio de grande valor, porque cada uma delas corresponde ao reconhecimento da Pátria a um ato de grande valor militar, de verdadeiro patriotismo, de desprendimento e de grande sacrifício, realizado pelos militares daquela geração, cujos méritos, muitas vezes, encontram-se descritos em detalhes, como nos diplomas das Cruzes de Combate e nos diplomas das Medalhas Sangue do Brasil, mas que lamentavelmente foram esquecidos nas gavetas empoeiradas do tempo”.

Considerando o efetivo que participou da FEB e o número de mortos e feridos verifica-se que 15% dos militares agraciados com a Medalha de Campanha e 16,19% dos militares agraciados com a Medalha Sangue do Brasil, ou os seus herdeiros, nunca receberam as suas medalhas.

 

As medalhas nunca entregues

Medalha Cruz de Combate de 1ª Classe – 10

Medalha Cruz de Combate de 2ª Classe – 133

Medalha Sangue do Brasil – 374

Medalha de Guerra – 381

Medalha de Campanha – 3.802

TOTAL – 4.700

 

Problemas

Em seu estudo, o major Corlet ressalta os problemas sociais de readaptação enfrentados pelos pracinhas, após a desmobilização da FEB, como o não cumprimento das promessas que haviam sido feitas pessoalmente por Getúlio Vargas e o não cumprimento das leis em seus benefícios. Esse descaso fez com que os veteranos e ex-combatentes se organizassem, criando a Associação dos Ex-combatentes do Brasil (AECB) e a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB).

Além disso, milhares de reservistas convocados para a guerra, depois da desmobilização, retornaram para as suas cidades de origem e, apesar de heróis condecorados com a Medalha de Campanha, se deparavam com o desemprego, com as discriminações surgidas no seio da sociedade brasileira e com um governo ditatorial, baseado em princípios muito parecidos com os que eles haviam combatido na Itália com muito sangue, suor e lágrimas.

Cinco vezes o orçamento

A Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi formada por 25.334 brasileiros, dos mais diversos rincões do Brasil, os quais foram enviados à Itália, entre os anos de 1944 e 1945, para combater o Nazi-fascismo, durante a Segunda Guerra Mundial.

Para o Brasil, em fins de 1943, assim como para o seu Exército, a mobilização de pessoal para a guerra representou um grande esforço no sentido de aumentar o seu efetivo em 175,20%. Naquela época, a mobilização geral custou ao Brasil, em material, serviços e despesas com pessoal, a importância de 21 bilhões de Cruzeiros, o correspondente a cinco vezes a receita da União.

Após a histórica participação, a Força Expedicionária Brasileira somava em seus quadros 465 pracinhas mortos, 2064 feridos, 35 aprisionados pelo inimigo e 23 desaparecidos durante a guerra.

 

Serviço:

A dissertação na integra poderá ser solicitada ao Major Wellington Corlet dos Santos através do e-mail: wcorlets@yahoo.com.br. 

4 Comentários

  • Avatar de Vitor Santos

    Uma dessas, obrigatoriamente, deve ser enviada ao veterano José Marino, que tem o diploma. Na época da concessão, informaram que não havia disponibilidade material. De repente, eis aqui a notícia de que 374 delas estão guardadas.
    Ana e eu, com auxílio de Milton Basile, conseguimos uma de coleção em 2011 e colocamos no peito de José Marino no Aniversário de Araraquara daquele ano.

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  • Avatar de Francis maulli

    Meu avô José Mauli, era um desses que lutou na Itália e recebeu só a medalha de campanha e tenho esta medalha em mãos, mas foi esquecido como muitos destes pracinhas. Hoje, ele está sepultado em Joinville SC, onde faleceu em julho de 2009. Brasil.

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  • Luis maia carvalho
    Avatar de Luis maia carvalho

    Meu pai Luiz Carvalho.. recebeu a medalha de campanha..ele faleceu em 04/12/1998..sabe informar se ele tem direito a receber outras medalhas..medalha cruz de combate ,medalha sangue do Brasil…sou filho único subtenente pmerj.e seria uma honra receber,caso ele tiver direito.

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  • Marcelo Sardagna
    Avatar de Marcelo Sardagna

    Olá!!! O tio do meu pai, irmão do meu avô. Soldado Lindo Sardagna também foi para essa guera e não voltou ele foi uns dos 17 de Abateia. Pelo conhecimento do meu pai a família não recebeu a medalha de honra dele. Como faço para ver esse assunto com o exército. Será que conseguimos algo.

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