Itália: prisioneiro tentou fugir e quase teve a garganta cortada

Prisioneiros alemães, com fichas de identificação penduradas, são questionados por soldados brasileiros
A propaganda alemã contra os soldados brasileiros era ferrenha. No mais alto grau de difamação, diziam que os brasileiros eram canibais, que matavam e comiam seus inimigos. O Comandante de Pelotão da Companhia de Canhões Anticarros do 1o Regimento de Infantaria, Paulo Campos Paiva, conta um relato interessante de como a propaganda parecia fazer efeito com alguns soldados alemães, que eram incentivados a não se renderem para aqueles pracinhas “bárbaros”.
Acontece que certa feita, uma patrulha fez prisioneiros perto de Monte Castello e foi descendo por um caminho próximo à Casa de Guanella e Pietra Colora, mais ou menos 5,5 km de caminhada. Para continuar a missão, pediram que um dos soldados voltasse com os prisioneiros para a retaguarda. Era um jovem negro quem levaria os tedescos para serem interrogados.
Porém, do outro lado, a Artilharia alemã percebeu o movimento e respondeu com duas ou três granadas, que estouraram bem perto do grupo. Um prisioneiro achou que dava para fugir e saiu correndo. O soldado negro correu atrás dele com uma faca na mão, enquanto os colegas se protegiam com os outros prisioneiros.
O alemão olhou para trás, viu o cara com a faca na mão, talvez lembrou-se da propaganda dos canibais e correu mais ainda, porém, tropeçou e capotou em um baita tombo.
Nisso o brasileiro subiu em cima dele e encostou a faca no pescoço do prisioneiro, já em pânico e chorando.
– Quando eu disser pára, pára, uai! Quando eu disser pára, pára, uai! – gritava o brasileiro.
Um tenente chegou perto, arrancou o soldado de cima e acalmou o jovem trazendo-o de volta à realidade:
– Esse rapaz não está te entendendo, você está falando português, ele é alemão!
Depois disso, ele acabou de levar o grupo para a retaguarda, enquanto a patrulha progrediu para estabelecer contato com o inimigo,
Fonte: V de Vitória com informações de História Oral do Exército na Segunda Guerra Mundial, Tomo I. p. 138