Covid-19: série de incertezas põe em risco os eventos da FEB na Itália

Vacinação na Itália começará em breve, porém, só será total no verão. (Foto: Sky24.it)

Incertezas por conta da Covid-19 colocam em risco, pelo segundo ano consecutivo, as comemorações da libertação da Itália do nazifascismo. Entre elas, estão os eventos relacionados à Força Expedicionária Brasileira – FEB, que lutou e libertou parte do norte do país. Isso porque, conforme informações divulgadas pelo governo italiano na última semana, somente no verão, que no hemisfério norte começa em junho, é que todos os italianos estarão imunizados contra o vírus.

Além disso, conforme o consulado da Itália em Curitiba/PR, há restrições de circulação e permanência em solo italiano, com maior facilidade para quem é cidadão do país ou tem parentes por lá. Também é preciso preencher declarações e ficar em isolamento, com algumas exceções para quem pretende ficar poucas horas no país (olhe todos os regulamentos aqui). Ainda há quase cinco meses até as festividades e a esperança é que até lá os italianos estejam com a vacinação bem adiantada e que no Brasil o mesmo esteja ocorrendo, para que a participação dos brasileiros também seja viabilizada.

Imagem de divulgação do evento.

A tradicional Colonna della Libertá, festividade italiana que reúne colecionadores de veículos militares e apaixonados pela II Guerra Mundial, refazendo roteiros do conflito no país, está esperançosa para 2021. “Na pausa de inverno, verifique seus veículos e apresse-se com as restaurações. Nós já estamos prontos para a edição de 2021! (Condições de Covid permitindo)”, publicaram na página do grupo do Facebook.

Em 2020, eles optaram por um desfile de veículos pelas cidades que haviam previsto e brasileiros não estiveram representando o país, pela primeira vez em anos de evento. Em 2021 eles pretendem percorrer cidades famosas da Itália: Bolonha, Florença, Ferrara, Verona, Lago di Garda e Roma. Serão três dias de comemorações: 23, 24 e 25 de abril de 2021.

Como está agora na Itália?

As viagens para a Itália, a passeio, sofrem restrições de circulação, conforme esclareceu o consulado italiano de Curitiba no link anterior, mas, para quem precisar muito, há vôos para a Itália, dentro das normas estabelecidas, ainda que sejam poucas rotas.

Quanto à vacinação, a Itália tem um planejamento de receber até o final de 2021, 202.573.000 doses da vacina contra a Covid, produzidas principalmente pela Pfizer-Biontech e a Moderna. Há ainda a previsão de contrato com a AstraZeneca, Johnson & Johnson, Sanofi e CureVac.

Desse total, 11 milhões de doses da vacina anti-Covid devem chegar à Itália no primeiro trimestre de 2021. Conforme comunicado das autoridades italianas, os grupos prioritários são o pessoal que trabalha na saúde e os idosos que moram em asilos. Em seguida, virão as pessoas de 69 anos em diante (igual a 13.432.005) e a população com pelo menos uma comorbidade crônica (7.403.578 pessoas).

Números de Covid na Itália em 19/12/2020 (Fonte: OMS)

“Com o aumento das doses, as demais categorias da população também serão vacinadas, inclusive aquelas pertencentes a serviços essenciais como, em primeiro lugar, professores e funcionários de escolas, órgãos de segurança pública, funcionários de prisões e locais comunitários”, explica a agência Orizzonte Scuola.

Segundo o comissário para a emergência Domenico Arcuri, não haverá uma fila por ordem, mas, haverá prioridade para estes grupos. Em toda a Europa, a ideia é começar a vacinação já no próximo dia 27/12/2020, pelo menos nos países membros da União Europeia. “Em fevereiro pretendemos começar a vacinar as pessoas em ordem decrescente de fragilidade, descendo a curva demográfica”, reiterou o comissário, que também disse que já há um plano para reabertura das escolas.

No Brasil

Especialistas ouvidos pela emissora americana CNN afirmaram que dificilmente o Brasil alcançará a chamada imunidade de rebanho antes do final de 2021. “Essa expressão diz respeito à imunidade coletiva, ou seja, quando já há um número suficiente de pessoas com resposta imunológica a determinada doença, diminuindo sua taxa de contaminação e protegendo grupos que ainda não foram ou não podem ser imunizados”, explica o jornalismo da emissora.

Foram ouvidos: a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Veja completo aqui.

Já ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que as primeiras doses serão disponibilizadas para a população a partir de fevereiro. E questionou: “Pra que essa ansiedade, essa angústia?”. Estão previstos R$ 20 bilhões para compra de vacina no país.

Números da Covid no Brasil em 19/12/2020. (Fonte: OMS)

Em pesquisa deste mês, realizada pela DataFolha, 22% dos 2.016 entrevistados disseram que NÃO pretendem se vacinar, enquanto 73% disseram que SIM, vão se vacinar. Cerca de 5% declararam não saber o que fazer. “A maioria (56%) dos entrevistados também acredita que a vacinação deve ser obrigatória, frente a 43% que discordam”, ressaltou a americana CNN.

Tendências futuras, pós-Covid

O site especializado em viagens “Mochileiros.com” aposta que em um futuro não muito distante, para entrar em certos países será obrigatório a apresentação de comprovante de vacina contra Covid.

A mesma aposta faz a revista National Geographic, em artigo assinado por Jillian Kramer. Para suas conclusões, ele ouviu Carmel Shachar, diretora executiva do Centro Petrie-Flom de Direito da Saúde, Biotecnologia e Bioética da Faculdade de Direito de Harvard, Lauren Grossman, professora de medicina de emergência na Universidade do Colorado em Denver, Yvonne Maldonado, professora de políticas de saúde na Universidade de Stanford e Arthur Caplan, bioeticista da Escola de Medicina da Universidade de Nova York. Leia completo aqui.

Nos Estados Unidos, 35% dos norte-americanos não se vacinariam contra a covid-19, mesmo que a vacina fosse gratuita. “As pessoas que são contra vacinas são descritas por Caplan como uma minoria que não se deixa passar despercebida: eles costumam utilizar campanhas convincentes para espalhar o medo sobre as vacinas. Por exemplo, alguns afirmam que a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (SCR) — obrigatória para todas as crianças em idade escolar — pode causar autismo. Essa afirmação é comprovadamente falsa, mas também causou um declínio na vacinação contra essas doenças”, diz trecho da reportagem.

Números da Covid em 19/12/2020. Os EUA não informaram os recuperados. (Fonte: OMS)

No Brasil, o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse no último sábado (19/12/2020) que não há motivo para pressa com a vacinação no país, mesmo com mais de 185 mil mortos. “Aguarda um pouco mais, você mexe com a vida das pessoas. Alguns estão afoitos para tomar, eu entendo que o cara está preocupado, quer se imunizar. Mas às vezes um pouquinho mais de paciência… Acho que a prudência é importante neste momento. Governador, não estamos com pressa em gastar dinheiro, nossa pressa é salvar vidas”, afirmou. Confira completo aqui.

Jornalismo de Guerra com Ansa, Orizzonte Scuola, Ministério da Saúde, National Geographic, UOL e CNN.

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