Jornalismo de Guerra

O ano de 2025 marca os 80 anos do término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e o Museu dos Campos Gerais, vinculado à Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no Paraná, disponibilizou na íntegra a versão manuscrita e digitalizada do Diário de Guerra de Alfredo Bertoldo Klas. Ele foi ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e professor da universidade por muitos anos no pós-guerra.

No diário, disponível gratuitamente para consulta online, o autor relata sua trajetória como tenente e, mais tarde, subcomandante da 1ª Companhia do I Batalhão do 11° Regimento de Infantaria. A narrativa abrange desde seu embarque no Rio de Janeiro até o dia 11 de janeiro de 1945.

O registro traz, por exemplo, o testemunho dele sobre a travessia do Brasil para a Itália, o retreinamento da tropa pelas forças americanas e o batismo de fogo da Companhia à qual pertencia, em 2 de dezembro de 1944, na localidade de Casa Guanella, a menos de um quilômetro de Monte Castello, no norte da Itália.

O inverno rigoroso, que atingiu temperaturas de até -20°C nos pontos mais elevados, também é personagem da narrativa, escrita à mão em um caderno. O trabalho pode ser lido e baixado aqui.

Sobre Klas

Alfredo Bertoldo Klas nasceu em 30 de setembro de 1915, em Palmeira (PR). Graduado pela Faculdade Estadual de Direito do Paraná em 1938, concluiu o curso de Preparação de Oficiais em Curitiba em 1941.

Em 1944, foi enviado para o front italiano da Segunda Guerra Mundial, onde permaneceu até 2 de maio de 1945. Ao retornar a Palmeira, atuou como advogado, trabalhou em indústrias, foi gerente de uma das fábricas da família, vereador e prefeito.

Klas se desligou do exército em 1946. Em Ponta Grossa, foi violinista e presidente da Orquestra Sinfônica, lecionou na Faculdade Estadual de Farmácia e Bioquímica (uma das instituições precursoras da UEPG) e no curso de História da mesma universidade, além de ter sido diretor do Museu Campos Gerais.

Além do diário, o ex-combatente também registrou suas experiências de combate contra o nazifascismo em dois livros: “A Verdade sobre Guanella” (Juruá, 2002) e “A Verdade sobre Abetaia” (Secretaria de Estado da Cultura, 2005).

A Biblioteca Central Faris Michaele (Bicen), o Centro de Documentação e Pesquisa em História (CDPH) e o Museu Campos Gerais da UEPG são depositários de parte do acervo de Klas desde 2022, quando a família doou 397 livros e dezenas de documentos e objetos que pertenceram ao ex-tenente e professor. Ele faleceu em 12 de maio de 2013, aos 97 anos.