Conheça cinco pracinhas que viraram ‘famosos’ no pós-guerra

Carlos Scliar. Crédito: Acervo Casa-Ateliê Carlos Scliar
CARLOS SCLIAR
Pintor, gravador, desenhista, ilustrador, cenógrafo, roteirista, designer gráfico. Teve aulas durante alguns meses com o pintor austríaco Gustav Epstein, em 1934. Em 1939, viajou a São Paulo e Rio de Janeiro, onde entrou em contato como o pintor Cândido Portinari (1903-1962). Em 1943, foi convocado pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) para servir na Segunda Guerra Mundial. De volta ao Brasil, atuou em movimentos contra a ditadura de Vargas, iniciando um período de intensa participação política. Em 1947, em Paris, publicou o álbum de Les Chemins de la Faim, com ilustrações que integram a edição francesa do romance Seara Vermelha (1946), do escritor Jorge Amado (1912-2001). Entre 1956 e 1957, colaborou com trabalhos gráficos para a peça teatral Orfeu da Conceição, do poeta Vinícius de Moraes (1913-1980). Também fez trabalhos para o filme Rio Zona Norte (1957), do diretor Nelson Pereira dos Santos (1928). Ainda no final da década de 1950, entre março de 1959 e julho de 1960, Scliar dirigiu o Departamento de Arte da revista Senhor, publicada no Rio de Janeiro. Em 1969, foi publicado o Caderno de Guerra de Carlos Scliar, com os desenhos produzidos pelo artista durante a campanha da FEB, na Itália. No ano seguinte, ocorreu uma exposição do autor, com mais de oitocentas obras, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ).
Fonte: Itaú Cultural

Crédito: Divulgação/USP
Boris Schnaiderman
Boris Schnaiderman, considerado um dos maiores intelectuais e tradutores do russo em nosso país, nasceu em Úman, na Ucrânia, em 1917. Em 1925, aos oito anos de idade, veio com os pais para o Brasil, formando-se depois na Escola Nacional de Agronomia do Rio de Janeiro. Naturalizou-se brasileiro nos anos 1940, tendo se alistado para lutar na Segunda Guerra Mundial como sargento da FEB. Começou a fazer traduções de autores russos em 1944 e a colaborar na imprensa brasileira a partir de 1957, tendo publicado desde então diversos livros sobre cultura e literatura, além de versões para obras de Púchkin, Dostoiévski, Tolstói, Tchekhov, Górki, Maiakóvski e outros. Mesmo sem ter estudado formalmente Letras, foi escolhido para iniciar o curso de Língua e Literatura Russa da Universidade de São Paulo em 1960, instituição onde permaneceu até sua aposentadoria, em 1979, e pela qual recebeu o título de Professor Emérito em 2001. Ganhou em 2003 o Prêmio de Tradução da Academia Brasileira de Letras, e em 2007 foi agraciado pelo governo da Rússia com a Medalha Púchkin, em reconhecimento por sua contribuição na divulgação da cultura russa no exterior. Faleceu em São Paulo em 2016, aos 99 anos de idade.
Fonte: Editora 34

Crédito: Reprodução
Humberto de Alencar Castello Branco
Durante a campanha da Itália, feita na Segunda Guerra Mundial, fez parte da Seção de Planejamento e Operações da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Passou ao cargo de subchefe do Estado Maior das Forças Armadas, comandante da Escola do Estado-Maior e diretor do departamento de estudos da ESG (Escola Superior de Guerra). Foi promovido a general do Exército (1962), nomeado comandante do 4º Exército, em Recife (1962-1963), e designado chefe do Estado-Maior do Exército (1963-1964).
Castello Branco foi um dos principais articuladores do golpe militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart. Durante o período de transição, o presidente da Câmara, Paschoal Ranieri Mazzilli, assumiu temporariamente a presidência da República enquanto a alta cúpula militar preparava a substituição definitiva.
No dia 9 de abril de 1964, o supremo Comando Militar, composto pelo Exército, Marinha e Aeronáutica decretou o AI-1 (Ato Institucional número 1), o primeiro de uma série de AIs que marcaram o período militar. Dois dias depois da publicação do AI-1, o marechal Humberto de Alencar Castello Branco foi eleito pelo congresso Nacional como representante para assumir a presidência da república em 15 de abril de 1964.
Fonte: Educação Uol

Crédito: Exército Brasileiro
Henrique Oest
Henrique Cordeiro Oest nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 17 de fevereiro de 1902. Sentou praça em março de 1922, ingressando no curso de infantaria da Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro. Pouco depois, participou da Revolta de 5 de Julho de 1922. Foi um dos signatários da ata de fundação da Aliança Nacional Libertadora (ANL), organização política de esquerda de âmbito nacional fundada em março de 1935 com um programa que propunha a luta contra o fascismo, o imperialismo, o latifúndio e a miséria. Em 1945, foi designado comandante do 2º Batalhão do 6º Regimento de Infantaria, integrando FEB que participou da Segunda Guerra Mundial na Itália.
Em dezembro de 1945, nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, elegeu-se primeiro suplente de deputado pelo Rio de Janeiro na legenda do Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB). Depois de promulgada a Constituição e transformada a Assembleia em Congresso ordinário, ocupou uma cadeira na Câmara, em março de 1947. Ocupou ainda o cargo de secretário de Segurança de Alagoas, no final do governo de
Sebastião Marinho Muniz Falcão (1956-1961). Em outubro de 1962, elegeu-se segundo suplente de deputado federal por Alagoas. Em 10 de abril de 1964 teve seu nome incluído na lista de cassados pelo Ato Institucional nº 1, editado no dia anterior pela ditadura civil-militar. Exilou-se no Uruguai, onde permaneceu até 1968. Retornou ao Brasil em 1972. Faleceu no Rio de Janeiro em 7 de março de 1982.
Fonte: FGV

Crédito: Museu da Pelada
Perácio
Dos campos de futebol para os campos de batalha. Em 1938, José Perácio era um dos heróis que tornou a seleção brasileira reconhecida pelo resto do mundo, após a campanha histórica na Copa do Mundo. Mas o fato de ter conquistado o terceiro lugar no Mundial da França não livrou o atacante de suas obrigações militares. E o artilheiro dos campos partiu para o front.
O craque despontou com a camisa do Villa Nova, pelo qual conquistou três títulos do Campeonato Mineiro. De lá seguiu para o Botafogo, em 1937
Perácio permaneceu no Botafogo até 1940, quando acabou negociado com o Flamengo. Longe das convocações, se consagrou como uma das grandes referências no ataque rubro-negro durante o tricampeonato carioca de 1943/1944/1945. Após o segundo título, contudo, foi parar na FEB. Ele não queria ir para guerra. Inventou apendicite e suplicou até para Eurico Gaspar Dutra, ministro da guerra de Vargas e rubro-negro declarado. Não houve escapatória, por mais que o rapaz simplório e semianalfabeto temesse as armas, desconhecesse as estratégias.
Na volta ao Brasil, o atacante retomou suas atividades pelo Flamengo. Faleceu em 1977, aos 60 anos, podendo dizer que foi o único herói brasileiro a triunfar no futebol e na guerra.