Arquivo da FEB ainda não está digitalizado e não tem previsão para estar

O Arquivo Histórico do Exército (AHEX) é o detentor da maior parte da memória documental da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e também de toda a história militar do Brasil. Grande quantidade do material referente à FEB já foi desclassificado como secreto. Com isso, está disponível para acesso público. Quem tem interesse em acessar o material basta efetuar o preenchimento de alguns dados e o formulário de justificativa de pesquisa. No entanto, a maioria do material ainda está no papel. Quase todo o acervo ainda não foi digitalizado e não há previsão de quando isso ocorrerá.

Segundoa assessoria do AHEX, não há “nenhuma atividade em andamento para digitalização do acervo da FEB”. “Possuímos acervo microfilmado de algumas das Organizações Militares que fizeram parte da FEB”, esclarece a instituição.

Exemplo das caixas que guardam a história da FEB. (Foto: Jornalismo de Guerra)

A instituição também informou que “o Arquivo possui uma Divisão de Processamento Técnico, mas com reduzida capacidade para o trabalho de digitalização”.

A assessoria afirmou ainda que não possui uma estimativa da quantidade de páginas sobre a FEB que está mantida em seu acervo. Porém, conforme levantamento do site Jornalismo de Guerra, existem no AHEX – pelo menos – entre 600 e 700 caixas que contêm documentos originais da FEB na Segunda Guerra Mundial.

Se cada caixa guardar entre 300 e 500 páginas (média observada durante visita ao AHEX em 2019), o volume de folhas datilografadas varia entre 180 mil páginas (na menor das suposições) e 350 mil páginas (na maior das suposições). Isso sem levar em conta documentos anteriores ao envio da FEB e posteriores à sua desmobilização, ainda em 1945.

Quanto custaria digitalizar?

Para fazer esse cálculo, foi feita uma pesquisa com o preço de mercado da digitalização de papel datilografado apenas de um lado e em tamanho A4 (que é o tamanho da maioria dos documentos sobre a FEB no AHEX).

A média em empresas especializadas em digitalização consultadas no Paraná, em Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo, é de R$ 0,20 por página.

Levando em conta este preço médio e a quantidade de documentos em poder do AHEX, os valores variam de R$ 36 mil a R$ 70 mil.

Os documentos da FEB estão em caixas de madeira, dos anos 70/80. As subpastas também são das mesmas décadas, em e algumas já estão sofrendo a ação do tempo. São de um material parecido com cartolina.

A assessoria do Arquivo Histórico do Exército ainda enfatizou que “o acervo documental da FEB sob nossa guarda, é muito vasto e está perfeitamente cuidado e organizado, estando a disposição dos pesquisadores para ser consultado em nossas instalações”.

Em 2020, o AHEX revelou que digitalizou 23.500 documentos gerais de todo o seu acervo, uma média de 93 documentos por dia, se contados apenas os dias úteis do ano passado.

Acervo na Alemanha

Em 1985, o jornalista William Waack escreveu o polêmico livro “As duas faces da Glória”, em que constrói uma narrativa, com base em arquivos alemães, sobre os expedicionários brasileiros vistos pelos inimigos e mesmo pelos norte-americanos. Ainda hoje o trabalho de Waack recebe críticas por ser uma análise superficial dos documentos. No entanto, o mérito do jornalista foi ter descoberto esses documentos e feito uso dos mesmos, além de ter entrevistado veteranos alemães que combateram a FEB.

Na época do lançamento do livro, os documentos estavam nos Arquivos Federais Militares de Freiburg, Koblenz e Aachen, e na Biblioteca do Ministério da Defesa, em Bonn, todas cidades alemãs. Atualmente, conforme contato com o governo alemão, Freiburg tem concentrado os arquivos do período da Segunda Guerra, porém, é preciso ir pesquisar no local, não havendo possibilidade de acesso on-line.

Pesquisadores alemães cobram em média 60 euros por diária (4h) de pesquisa e os valores de reprodução de documentos varia de acordo com cada arquivo, sendo o valor, em média, de R$ 1,25 por página. Em alguns locais é permitido fotografar sem flash.

O AHEX diz que desconhece a existência de arquivos alemães sobre a FEB: “Quanto a acervo da FEB na Alemanha, desconhecemos esse fato”.

Um exemplo a ser seguido

A Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacional são duas instituições referências no país quanto à digitalização de acervos. Na Biblioteca, dentro do projeto “Hemeroteca Digital”, estão disponíveis para consulta e visualização pela Internet, nada menos que “13 milhões de páginas em mais de cinco mil veículos – incluindo jornais e revistas digitalizados”, conforme informa a instituição. As pessoas podem ler os documentos sem custos e de qualquer lugar que queiram. Existem publicações do século XVI.

Já no Arquivo Nacional, basta um cadastro para pesquisar milhares de documentos digitalizados sobre séculos de história do país. São mais de duas mil fotos da FEB disponíveis para consulta, por exemplo. Não há custo para a pesquisa.

Para pesquisar

No AHEX: é só preencher a ficha de pesquisa e agendar a visita. O site é: http://www.ahex.eb.mil.br/solicitacao-de-pesquisas

Na Biblioteca Nacional (Hemeroteca): http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx

No Arquivo Nacional: https://sian.an.gov.br/sianex/consulta/login.asp

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